Brasil encerrou 2017 com 63,5% das obras de geração em atraso

O Brasil encerrou o ano de 2017 com o acréscimo de 7,336 GW em nova capacidade instalada. A maior parcela desse volume foi originada a partir de hidrelétricas que somaram no ano 2,9 GW (sendo 2,5 GW somente da UHE Belo Monte). A eólica vem a seguir com pouco mais de 2,061 GW, a frente […]

Por Lucas Costa

09 janeiro 2018 - 17:59


O Brasil encerrou o ano de 2017 com o acréscimo de 7,336 GW em nova capacidade instalada. A maior parcela desse volume foi originada a partir de hidrelétricas que somaram no ano 2,9 GW (sendo 2,5 GW somente da UHE Belo Monte). A eólica vem a seguir com pouco mais de 2,061 GW, a frente de 1 GW de térmicas (no somatório de biomassa e combustíveis fósseis). A solar fotovoltaica apareceu pela primeira vez, com 660 MW e PCHs com 130,5 MW.

Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica em seu relatório de acompanhamento da expansão da geração referente ao ano passado. Apesar disso, há um grande número de obras em atraso ante suas obrigações acertadas junto à agência reguladora. De acordo com levantamento feito pela Agência CanalEnergia, em números absolutos são 415 usinas nessa situação contra um volume total fiscalizado de 653 empreendimentos, ou seja, 63,5% descumpriam o cronograma ao final do ano passado.

A agência fiscaliza um total de 27 GW em projetos de geração, sendo eles negociados em leilão ou não. Desse total, 14 GW estão com a sinalização verde, indicando que não há impeditivos para sua implantação. Outros 5,2 GW estão com o sinal amarelo, que representa viabilidade média, pois as obras não foram iniciadas ou com licenciamento ambiental não finalizado, porém, não havendo impedimentos para implantação da usina. Já 7,9 GW estão com o sinal vermelho e não apresentam previsão de conclusão. Essas sinalizações, contudo, não refletem os atrasos reportados até o momento.

No segmento de UHEs, de um total de 21 usinas que somam 9,6 GW de capacidade instalada, 18 estão com a execução do cronograma em atraso. Apenas a UHE São Manoel (MT – 700 MW), recentemente colocada em operação, a UHE Santa Branca (PR – 62 MW) e a UHE Bom Retiro (RS – 35 MW) apareciam ao final de dezembro com a indicação normal no relatório da agência. Nesta fonte apenas 810,36 MW estão sem previsão de entrada em operação.

Em eólicas, são 228 empreendimentos que somam 5,1 GW em capacidade instalada que são fiscalizados pela Aneel. Dessas obras, segundo a agência reguladora, a maioria consta com atrasos no cronograma de obras de acordo com as obrigações acertadas com o órgão. São 168 atrasos, 44 em dia e ainda há 16 empreendimentos com as atividades adiantadas em relação aos marcos obrigatórios. Do volume total de energia são 1,351 GW classificados como sem previsão de entrada em operação, capacidade esta dividida entre 56 parques.

A fonte solar fotovoltaica consta no relatório da Aneel com 1,994 GW em 80 usinas. Dessas, apenas oito, ou 195 MW em capacidade, são classificados como sem previsão de entrada. Metade dos projetos consta como atrasados em seus cronogramas, 32 estão dentro do prazo estabelecido junto à agência reguladora e oito estão com as obras adiantadas.

Na fonte térmica convencional são fiscalizados quase 6,9 GW, sendo 4,1 GW, ou cerca de 60% do total, incluindo nessa contabilização os 1,350 GW da usina de Angra III, estão classificados como sem previsão para entrar em operação. No total são 121 usinas contando com aqueles empreendimentos leiloados para atender os sistemas isolados e estes estão quase que em sua totalidade em dia com o cronograma. Essas usinas nos sistemas isolados raramente ultrapassam 1 MW de capacidade.

E há ainda nesse grupo de cronograma dentro do prazo duas grandes térmicas, como a UTE Mauá 3, cujas unidades de geração 2 e 3 estão sem previsão de entrada em operação. E ainda, consta como normal a usina que atenderá ao Comperj com 257 MW, mas está com as obras paralisadas. Esta classificação, apontou a Aneel, deve-se ao fato de que não há marcos obrigatórios acertados com a agência.

As térmicas a biomassa somam 32 usinas com 1,3 GW em capacidade instalada. Dessas, 774 MW, ou cerca de 60% do total, não têm previsão de entrada em operação. São 16 usinas em atraso e outro número igual de obras que estão dentro do cronograma da Aneel.

Já em termos de PCHs são fiscalizados 2,137 GW em capacidade instalada, divididos por 171 empreendimentos. A grande maioria consta como em atraso no cronograma de obras (142 empreendimentos) 26 estão em dia e apenas três aparecem à frente do esperado. Segundo o relatório da Aneel, 607,41 MW (referente a 34 projetos) estão enquadrados no sinal vermelho, 32 projetos com 316,14 MW estão com a viabilidade no sinal verde e outras 105 usinas que somam 1,2 GW no amarelo.

Fonte: canalenergia.com.br